Término de relacionamento: desesperança, medo e apego emocional
A terapia é um lugar seguro para falar sobre esse novo contexto da sua vida.
Ms. Lúcia Jamilly Oliveira de Morais
11/12/20252 min read


Encerrar um relacionamento raramente é simples. Mesmo quando a relação já não faz bem, o fim costuma abrir um espaço difícil de sustentar: o da perda, da incerteza e do desamparo. O que muitos chamam de “desesperança” ou “apego emocional” não é apenas sobre o outro que foi embora, mas sobre o que essa saída aciona dentro de cada sujeito.
Quando a desesperança aparece
A desesperança após o término não fala apenas de tristeza. Ela surge quando o sujeito sente que perdeu algo que parecia fundamental para existir. Mesmo quem tem vida estruturada — trabalho, rotina, amigos — pode experimentar um vazio profundo ao se afastar de um vínculo amoroso.
Na visão psicanalítica, isso acontece porque o amor não é troca racional. É construção simbólica. Muitas vezes, o outro ocupa um lugar muito antigo, quase fundante, ligado à sensação de ser visto, desejado ou reconhecido. Quando essa figura vai embora, o que desaba não é só a relação: parece que é uma parte da própria história do sujeito.
O medo do depois
O medo é um dos afetos mais presentes após o término. Medo de ficar só. Medo de não encontrar alguém novamente. Medo de não saber quem se é fora daquela relação. Para algumas pessoas, isso pode paralisar escolhas e prolongar vínculos que já não sustentam mais cuidado.
Esse medo costuma revelar algo importante: a dificuldade de se posicionar como sujeito após anos vivendo em função do outro. Não se trata de incapacidade, e sim de um modo aprendido de existir. Quando a relação acaba, o sujeito se vê diante da própria falta — e isso pode ser angustiante.
Apego emocional: por que insistimos?
O apego emocional não significa amor fraco, muito menos falta de amor-próprio. Em muitos casos, representa a tentativa inconsciente de manter vivo algo que se repetiu durante anos: a busca por ser escolhido, visto, garantido.
A insistência não é irracional. Ela tem lógica afetiva. O sujeito permanece porque alguma parte sua ainda acredita que, se insistir mais um pouco, poderá reparar o que sempre doeu. Por isso, o apego não é apenas ao outro, mas ao ideal de amor que se tentou construir nele.
Cuidar-se após o fim
O término é um convite, ainda que doloroso, a olhar para si. Não para “superar rápido”, mas para compreender o que essa relação representou. Falar sobre isso, com alguém que escuta sem julgamento, pode abrir espaço para reconhecer padrões, escolhas e afetos que se repetem sem que o sujeito perceba.
Não existe fórmula para deixar de doer. Existe caminho. E esse caminho passa por se escutar, se responsabilizar pelos próprios desejos e, pouco a pouco, construir um modo de amar que não apague quem você é.
Ms. Lúcia Jamilly Oliveira de Morais
CRP 11/17901
Psicóloga Clínica - Mestre em Psicologia
Lúcia Jamilly Oliveira de Morais - CRP 11/17901
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